Você faz mais sucesso quando escuta ou quando fala?

Autor: José Carlos Mattos - Publicado originalmente no LinkedIn

Acredito que todos nós já tentamos planejar como vai ser uma reunião ou conversa.  Eu digo isto, ele responde aquilo, aí eu argumento de volta, a gente mentalmente ensaia tudo, embora saiba que na hora da reunião as coisas tendem a não seguir este nosso roteiro.  Todo este esforço é para conseguirmos obter da conversa o resultado que desejamos, a dúvida é de como se deve agir para conseguir o  objetivo na reunião ou encontro. Como tudo na vida  social, há sempre mais de uma maneira ou estilo.  Vejam só este exemplo.

No meu início de carreira, eu fui responsável pela comunicação de um importante grupo minerador brasileiro.  Foi o meu primeiro cargo no nível de gerência.  E nós resolvemos fazer uma concorrência para escolher uma agência de propaganda para se encarregar da comunicação de um grande projeto na Amazônia coordenado pelo grupo e que atraía muita atenção pública na época.  Dado o vulto econômico da empresa e do projeto,  esta concorrência atraiu as principais agências do Brasil.  Atraiu as duas maiores da época: MPM e Salles-Interamericana. 

Por conta disso, vi-me às voltas com, simplesmente, Luiz Macedo e Mauro Salles (para que não viveu esses tempos, hoje seria, por exemplo, o Nizan Guanaes, do Grupo ABC de Comunicação e o Fabio Fernandes,da F/Nazca Saatchi & Saatchi.  Os dois resolveram comparecer à disputa pessoalmente.  E eu pude assistir de camarote como agiam esses dois grandes nomes da comunicação, ambos no auge de seus negócios e capacidade.

Mauro Salles era um publicitário exuberante.  Ele falava muito, tinha senso de humor e presença de espírito.  Era um prazer conversar com ele, principalmente quando ele desejava ser agradável.  Sabia muito de comunicação e não poupava os ouvintes deste seu conhecimento.  Após uma reunião com ele, a gente ficava impressionado com a sua cultura (profissional e geral), sua habilidade, inteligência e sua prosa. E imaginava como seria bom se ele entrasse para o time.  Era um show.

Já Luiz Macedo conquistava por sua afabilidade.  Falava sempre em um tom familiar.  Em poucos minutos de conversa você se “esquecia” de que estava conversando com um dos maiores publicitários do Brasil, e parecia que era muito normal o tempo que ele te dedicava (como disse no início, eu era bem jovem e esta disponibilidade dele me encantava).  Macedo era um ouvinte atento e gostava de sublinhar sempre quando o interlocutor dizia algo que ele aprovava.  Fazia isso sem o menor traço de servilismo ou condescendência. Deixava a conversa solta, a impressão era que ele estava ali por prazer.  Você jurava que eram suas as rédeas da conversa.  Ao final da entrevista, a gente ficava pensando em como nós éramos inteligentes, como fôramos capazes de impressionar ao Macedo, e imaginava como seria bom contar com a segurança e tranquilidade dele no time.

Dois estilos opostos: um te conquistava falando, o outro te conquistava ouvindo.  Os dois construíram agências que fazem parte da história da nossa indústria de comunicação, o que significa que os dois estilos funcionam, desde que executados com a maestria que eles mostravam.

E você: Falar ou escutar?  Qual é o seu time?  O que você sabe fazer melhor?  Pense nisto na próxima vez que precisar cativar um cliente.

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