Quando é você quem deve salvar alguém em Marte.

Autor: José Carlos Mattos - Publicado originalmente no LInkedIn

A missão Apolo 11, que levou os primeiros homens até a Lua, e o filme Perdido em Marte, que mostra as aventuras do primeiro colonizador do Planeta Vermelho, têm um mesmo exemplo para todos nós: o que é trabalhar em equipe.

Para a missão Apolo ser possível um membro da tripulação conformou-se em não pousar na Lua.  Em ir até lá, passar pelo treinamento, sacrifícios e riscos da viagem e não colocar o pé na Lua.  O papel de Michael Collins foi pilotar o módulo Columbia que permaneceu girando ao redor da lua enquanto o Eagle descia com Neil Armstrong e Buzz Aldrin até a superfície lunar.

Você já se enxergou nesse papel?  Você aceitava participar da primeira expedição humana à Lua para ser o que não pisaria no satélite?  Você concordaria em vir ao Brasil com Cabral e não descer em terra, ficar olhando da caravela seus colegas descobrirem a terra nova?  Você abriria mão dessa glória pelo sucesso de sua equipe e da missão?  Pense ainda que no caso de um acidente matar a Armstrong e Aldrin na lua, Collins retornaria sozinho e seria um homem marcado.  Ele mesmo admitiu ser este o seu maior medo durante a missão.

Indo agora para o filme, Mark Watney, o astronauta esquecido em Marte, jamais duvida que a sua tripulação estivesse agindo da melhor maneira e que ocorreu um acidente com ele.  Jamais duvida que se ele fizesse a sua parte – manter-se vivo por tempo suficiente e chegar ao ponto de resgate – ele seria resgatado.  Ele não perde um minuto em lamúrias ou se queixando de seus companheiros.  Ele avalia o problema, vê o que pode ser feito e começa a trabalhar sem se iludir, mas sem desanimar.  E se em outras épocas da história ele teria investido muito tempo rezando, nesse filme ele opta por manter a sua fé na sua equipe. (Na verdade ele tem uma conversa ligeira com Deus, mas é só um bate-papo).

Enquanto ele se desdobra em Marte, cá na Terra se formam rapidamente equipes para salva-lo.  O filme é um tratado a respeito de administração de crise.  Mas de todas as lições que aparecem, uma é a mais importante: é sempre melhor dizer a verdade, e cabe aos especialistas em comunicação explicar o que está acontecendo ao público e não cabe a eles decidir o que deve ser feito.  Quem decide o que deve ser feito é o corpo técnico e ele não pode ficar subordinado ao “já pensou no que as pessoas/mídia vão dizer?”.  A divulgação pode ser escalonada, as circunstancias podem ser realçadas, as versões podem ganhar espaço, mas no fim da linha não dá para mentir.

Se você já passou por uma crise em sua empresa, sabe como é difícil cumprir essa receita aparentemente fácil.  São muitas pressões, carreiras em risco, projetos pessoais e corporativos balançando no vento da crise.  

A boa notícia é que se você se ativer a esses dois conselhos, as coisas podem melhorar e você pode até conseguir salvar um astronauta perdido em Marte.

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